Papa pede que cardeais
afastem pessimismo e passem sabedoria
O Papa Francisco pediu nesta sexta-feira (15) aos
cardeais que afastem o pessimismo e passem sabedoria aos jovens. A
correspondente Ilze Scamparini conta ainda a surpresa do cardeal brasileiro Dom
Claudio Hummes pelo convite para acompanhar o papa quando Francisco foi
apresentado à multidão.
Quando o Papa Francisco apareceu na sacada da Basílica
de São Pedro, recém eleito, o brasileiro Dom
Cláudio Hummes estava ao seu Lado. O pontífice quebrou o seu primeiro
protocolo em público, trazendo um cardeal no lugar do mestre de cerimônia. “E
aí ele me chamou e disse: ‘fica comigo, Dom Cláudio, fica comigo também nesse
momento’. Mas foi uma surpresa muito grande. Mas foi um gesto espontâneo dele”,
disse Dom Cláudio.
Amigos desde o Encontro dos Bispos Latino-Americanos,
em Aparecida, há seis anos, o arcebispo emérito de São Paulo teria sido,
segundo a imprensa italiana, um dos responsáveis por articular votos para o
Papa argentino. Dom Cláudio mantém o voto de silêncio.
No segundo dia do seu pontificado, o Papa não
conseguiu evitar o trono. Mas mostrou a sua estranheza. Reunido com todos os
cardeais, Francisco fez um discurso longo. O Papa se abriu ao grupo ao tentar
convencê-lo a afastar o pessimismo, a amargura e a falta de coragem. “Estamos
na velhice”, disse Francisco, “tempo de sabedoria. Devemos doar isso aos
jovens, como um bom vinho que melhora com a idade”.
O Papa comentou que mesmo os não-católicos estariam
vendo com simpatia o que está acontecendo no Vaticano.
“A Bento XVI, o reconhecimento do grande patrimônio espiritual que deixou para
todos”, afirmou. Ao cumprimentar os cardeais, um papa espontâneo proporcionou
imagens não muito comuns para um pontífice. Ganhou a pulseira e a colocou, sem
cerimônia. Abraçou, e até beijou a mão de um deles. Quinta-feira (14) à noite,
chegou mais tarde na Casa Santa Marta, onde os cardeais estão hospedados.
Encontrou todos jantando e sentou-se na primeira cadeira livre. Conversou com
garçons e cozinheiros. “Ele é a pessoa que diz ‘olha, eu acho que essa pessoa
está sofrendo’, e vai lá, faz companhia, conversa um pouco. É interessante”,
contou Dom Cláudio.
Nesta sexta-feira (15), o Papa foi conhecer aquela que
vai ser a sua casa. O apartamento pontifício lacrado desde a renúncia de
Bento XVI. Mas o Papa é também um soberano, chefe de um estado que, talvez de
alguma forma, ele queira mudar. “A questão de uma absoluta necessidade de
reforma da Cúria Romana, isso ficou muito claro, nós insistimos muito nisso e
ele também está convencido desta necessidade. Depois de ser uma Igreja aberta,
que não fica parada, que caminha com a história”, disse Dom Cláudio.
A escolha de Jorge Bergoglio pode ter sido decidida
antes da entrada na Capela Sistina. Dois dias antes do conclave, ele teria
confidenciado a um padre: “Não sei o que os meus irmãos cardeais estão
preparando. Reze por mim”. Ele teria sido escolhido com mais de 90 votos.
Assim que foi eleito, na Capela Sistina, o Papa
Francisco deu o seu solidéu vermelho, de cardeal, ao secretário do
conclave, Lorenzo Baldisseri. No passado, alguns Papas usaram o gesto para
indicar que o secretário do conclave se tornaria cardeal.
Lorenzo Baldisseri, que foi núncio apostólico no
Brasil, em uma entrevista ao repórter da Globo News, Gerson Camarotti, contou
como foi. "No momento em que o santo padre fez esse gesto, todos os
cardeais presentes, porque isso aconteceu na Capela Sistina, fizeram palmas.
Então, temos um novo cardeal. O santo padre depois me falou que com o tempo vai
proclamar um consistório oficial e colocar, naturalmente, o meu nome",
contou Lorenzo.
Consistório é a celebração na qual os cardeais são
criados pelo Papa. Ao ser questionado sobre o assunto nesta sexta-feira em
entrevista coletiva, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, não
confirmou a intenção do Papa de criar Baldisseri cardeal.
No próximo sábado (16), o Papa encontra mais de 4.000
jornalistas que ajudaram a transformar o conclave em um evento mundial. A
prefeitura de Roma espera um milhão de pessoas na terça para a missa da
coroação do novo Papa. Francisco pediu aos argentinos que não gastem dinheiro
para ir a Roma, e que façam obras de caridade.
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